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sábado, 1 de fevereiro de 2014

As palavras pesam

Tentei encontrar vários textos pra ler sobre a depressão para fazer um post aqui para o blog, mas depois de pensar resolvi falar sobre esse assunto do meu ponto de vista do meu conhecimento, já que eu tive uma pré-depressão, e vou direto ao assunto sem mais rodeios.

Minha infância e pré-adolescência diga-se de passagem nunca foram um mar de rosas, mas também não foram ruins, brinquei, me machuquei, enfim. Mas acontece que minha família sempre foi muito problemática. Meu irmão (por parte de pai) erá envolvido em drogas (não sei se ainda é.)
meu pai brigava constantemente com minha mãe, e com meu irmão e eu também. Já na minha pré-adolescência foi muito diferente, vamos dizer que meu pai mudou muito em relação ao que ele era antes, tanto comigo e com minha mãe, só não mudou muito em relação ao meu irmão (por parte da minha mãe e do meu pai) bem, mas isto não vem ao caso. Continuando agora o problema é com o meu irmão. Sim, meu irmão que não citaria o nome aqui (leonardo_hahaha), quando eu era criança eu e o meu irmão poderíamos ser considerados como unidos, mais depois a coisa mudou, os xingamentos do meu irmão pra mim na minha infância não me magoava, mas agora magoa sim, e muito! Com a mudança do meu outro irmão pra cá tive que divertir o quarto com esse irmão. Foi a pior coisa que aconteceu na minha vida, nós brigávamos bastante, todo dia, toda hora, eu tinha muita raiva porque minha mãe não entendia, e brigava comigo dizendo que era muito fresca, muito chata, muito isso e aquilo; mas com o tempo essa minha raiva virou tristeza, junto com ódio, e já me vieram várias vezes na minha cabeça matar meu irmão, meu pai, minha mãe, ou simplesmente fugir de casa; mas eu era muito novo, e como meu irmão me dizia coisas me deixavam pra baixo, e eu acreditava nas palavras que ele dizia sobre mim, acreditava que eu era mesmo uma fracassada, que nunca ia subir de vida, então eu sempre tive medo do mundo, do que as pessoas pensavam de mim, e por isso deixei de cumprir muitos projetos na minha vida, pensava em suicídio constantemente, tudo isso por causa de simples palavras, mas que me machucavam profundamente, e que ainda hoje machucam, apesar de que eu não guardo ressentimentos (no fundo guardo sim).
Bom, não vou fazer um texto enorme sobre a minha vida, e nem como eu superei tudo que eu estava passando, mais só pra falar uma coisa, uma coisa que já deve ser muito clichê. Cuidado com as palavras que diz, porque pode ser só da boca pra fora, mas deixam marcas que nunca serão apagadas da memória.

belos poemas para seu final de semana #1

A Máquina do Mundo
(Carlos Drummond de Andrade)

E como eu palmilhasse vagamente
uma estrada de Minas, pedregosa,
e no fecho da tarde um sino rouco
se misturasse ao som de meus sapatos
que era pausado e seco; e aves pairassem
no céu de chumbo, e suas formas pretas
lentamente se fossem diluindo
na escuridão maior, vinda dos montes
e de meu próprio ser desenganado,
a máquina do mundo se entreabriu
para quem de a romper já se esquivava
e só de o ter pensado se carpia.
Abriu-se majestosa e circunspecta,
sem emitir um som que fosse impuro
nem um clarão maior que o tolerável
pelas pupilas gastas na inspeção
contínua e dolorosa do deserto,
e pela mente exausta de mentar
toda uma realidade que transcende
a própria imagem sua debuxada
no rosto do mistério, nos abismos.
Abriu-se em calma pura, e convidando
quantos sentidos e intuições restavam
a quem de os ter usado os já perdera
e nem desejaria recobrá-los,
se em vão e para sempre repetimos
os mesmos sem roteiro tristes périplos,
convidando-os a todos, em coorte,
a se aplicarem sobre o pasto inédito
da natureza mítica das coisas.
(Trecho de A Máquina do Mundo, de Carlos Drummond de Andrade).
Amo demais esse poema! simplesmente perfeito pra mim.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

lições em estorias #1

A Conferência 

Convidado a fazer uma preleção sobre a crítica, o conferencista 
compareceu ante o auditório superlotado, sobraçando pequeno fardo. 
Após cumprimentar os presentes, retirou os livros e a jarra d'água de sobre 
a mesa, deixando somente a toalha branca. 

Em silêncio, acendeu poderosa lâmpada, enfeitou a mesa com dezenas de 
pérolas que trouxera no embrulho com várias dúzias de flores colhidas de 
corbelhas próximas. Logo após, apanhou da sacola diversos "biscuits" de 
inexprimível beleza, representando motivos edificantes, e enfileirou-os com 
graça. 

Em seguida, situou na mesa um exemplar do Novo Testamento em capa 
dourada. Depois, com o assombro de todos, colocou pequenina lagartixa 
num frasco de vidro. 

Só então comandou a palavra, perguntando: 
- Que vedes aqui, meus irmãos? 

E a assembléia respondeu, em vozes discordantes: 
- Um bicho! - Um lagarto horrível! - Uma larva! - Um pequeno monstro! 

Esgotados breves momentos de expectação, o pregador considerou: 
- Assim é o espírito da crítica destrutiva, meus amigos! Não enxergastes o 
forro de seda lirial, nem as flores, nem as pérolas, nem as preciosidades, 
nem o Novo Testamento, nem a luz faiscante que acendi. . Vistes apenas a 
diminuta lagartixa... 

estórias para refletir #1

A Conferência 

Convidado a fazer uma preleção sobre a crítica, o conferencista 
compareceu ante o auditório superlotado, sobraçando pequeno fardo. 
Após cumprimentar os presentes, retirou os livros e a jarra d'água de sobre 
a mesa, deixando somente a toalha branca. 

Em silêncio, acendeu poderosa lâmpada, enfeitou a mesa com dezenas de 
pérolas que trouxera no embrulho com várias dúzias de flores colhidas de 
corbelhas próximas. Logo após, apanhou da sacola diversos "biscuits" de 
inexprimível beleza, representando motivos edificantes, e enfileirou-os com 
graça. 

Em seguida, situou na mesa um exemplar do Novo Testamento em capa 
dourada. Depois, com o assombro de todos, colocou pequenina lagartixa 
num frasco de vidro. 

Só então comandou a palavra, perguntando: 
- Que vedes aqui, meus irmãos? 

E a assembléia respondeu, em vozes discordantes: 
- Um bicho! - Um lagarto horrível! - Uma larva! - Um pequeno monstro! 

Esgotados breves momentos de expectação, o pregador considerou: 
- Assim é o espírito da crítica destrutiva, meus amigos! Não enxergastes o 
forro de seda lirial, nem as flores, nem as pérolas, nem as preciosidades, 
nem o Novo Testamento, nem a luz faiscante que acendi. . Vistes apenas a 
diminuta lagartixa... 

E concluiu, sorridente: 
- Nada mais tenho a dizer...